quinta-feira, 18 de abril de 2013


CAPITÃO “PORRETA”

                                               Samuel Castiel Jr.

 

 

 

 

 

              Aquela mesma turma já estava lá, reunida no bar. Era um sábado a tarde. A cerveja gelada e a pinga rolavam e o sol de verão fazia o calor ficar insuportável lá fora! Como era de costume, o Capitão Xavier chegou vestindo um bermudão com camiseta regata, e veio se juntar a todos, pois estava de folga no Batalhão da Polícia Militar(PM) onde comandava o Nucleo de Operações Especiais (NOE). Sua participação nessas rodadas de sábado a tarde já era certa e conhecida: gostava de cerveja gelada, bem como de contar bravatas e vantagens da corporação militar onde trabalhava, ou seja, no Nucleo de Operações Especiais que era constituído por homens de formação e treinamento especiais. Eram treinados para agir com rapidez e dominar as situações mais difíceis e complexas!

              Encostado no balcão do boteco, sempre estava um pinguço, freqüentador assíduo e diário do estabelecimento, e que adorava meter-se nas conversas dos outros, dava palpite, xingava todos que não pagassem um “gole” pra ele! Quando o Capitão chegava ou quando contava mais uma de suas façanhas, gritava bem alto:

__ Êta Capitão “Porreta”!

              Nesse sábado, o Capitão tinha acabado de chegar quando todos ouviram três estampidos secos e fortes que pareciam mesmo disparos de arma de fogo e que vinham de uma das casas vizinhas ao boteco, não muito distante dali. Houve movimentação de alguns adolescentes correndo em frente a essa casa. Imediatamente alguém da mesa falou:

__ Aí Capitão! Vai deixar o tiroteio rolar solto debaixo do seu nariz?!

               Outro gaiato também comentou botando pilha:

__ Podiam até ter acertado a gente aqui com uma bala perdida!...

               Foi o suficiente para o Capitão anunciar que iria acabar já com aquela situação: levantou-se, pegou seu celular e discou para a central da Policia Militar, Nucleo de Operações Especiais.

__ Aqui quem fala é o Capitão Xavier! Mande agora uma viatura para o seguinte endereço: Elias Gorayeb com a José Camacho. Foram efetuados alguns disparos de arma de fogo e precisamos checar e prender esses meliantes! Já estou na área esperando!

               Não demorou mais que dez minutos uma viatura da PM chegou ao local, apresentou-se ao Capitão, o qual foi logo mostrando a residência de onde teriam partido os disparos. Imediatamente os policiais saltaram da viatura já com as armas em punho e foram adentrando o portão da casa suspeita. Todos ficarm esperando, o boteco parou, até  a música batidão que tocava bem alto, foi desligada! Como se diz, ouvia-se ate o barulho de mosca voando!...Todos esperando pra ver qual o desfecho daquela situação. Alguns minutos se passaram e foi então que os policiais saíram da casa e vieram em direção ao boteco onde, de pé, os esperava o Capitão Xavier.

__ Licença Comandante! Tenente Afonso trazendo o resultado da operação!  

__ Pois não tenente! Qual o resultado da nossa operação?

__ Dois traques e um rojão pega-moleque!

__ Ok! Circulando Tenente! Circulando!...

             Foi então que todos ouviram a voz do pinguço gritando bem alto lá de dentro do boteco, encostado no balcão:

__ Êta Capitão “Porreta”!

 

Notas do Autor: *   traque e rojão pega-moleque são fogos           explosivos muito usados nas brincadeiras de São João.

                                *  qualquer semelhança com a estória e personagens terá sido mera coincidência

      

 

                                                                                                                                           PVH-RO, 18/04/13

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