segunda-feira, 27 de maio de 2013


FOTOGRAFIA

DA SAUDADE

 Samuel Castiel Jr.

 

Essa foto que alguém postou

Na internet da saudade

Trouxe-me a reminiscência

Da distante adolescência

Que em mim fervia

Naqueles anos dourados

E bem sei não voltará jamais!...

Éramos todos jovens,

Carregando tantos sonhos!...

E essa foto num só clic registrou

Também queridos educadores!

Estavam todos lá

Sentados a nossa frente

Seu Farias, Pe. Miguel, Pe. Moretti, Pe Sylvio

E também o Seu Joaquim!

E por traz deles na velha escada do Dom Bosco

Aqueles rostos tão jovens

De uma geração que emergia inteira

Ávida pela vida e pelo mundo!...

Moldada pelos ensinamentos

De grandes mestres salesianos!

E apesar de tantos anos passados

Reconheço cada rosto:

O Ary Lemos, o Beda, o Polegar,

Chico Carneiro, Zé Azevedo, Rui Andorinha,

Odaly, Samarone  e  Zacarias,

Antônio Lacerda, Silvio Gualberto, Jorge Andrade,


Oricy, Euromar e tantos mais...

Apenas um eu não distingo mais o seu rosto!...

Alguém porém me chama atenção:

-- És tu esse jovem atento que dorme, ora!

Basta imaginar-te sem as rugas

Que fizeram marcas profundas em teu rosto

Em tantos embates com os outros e contigo mesmo

Na luta pela vida a fora!

-- E quem és tu que assim ousas comigo falar?

Já não me respeitas mais?

-- Sou teu subconsciente, rapaz

Que não envelhece jamais!...

 

                                                                                                        PVH-RO, 24/05/13

terça-feira, 21 de maio de 2013


A ONÇA E O CAÇADOR

                                        Samuel Castiel Jr.

 

 Um esturro estrondou na selva

E se perdeu na escuridão total!...

Entre arvores altas de folhagem densa

A chuva cai forte, torrencial!...

Espreitando esse quadro aterrador

Os grandes olhos da coruja vêem

Sombras furtivas fugindo  espavoridas

Do maior felino, a onça pintada!

Faminta ela busca sua presa

Lutando na selva pra sobreviver!

Seus olhos conseguem tudo ver,

Seu faro sente ínfimos odores

A longíquas distâncias...

Mas com o vento forte e a favor,

A chuva caindo copiosamente

Não percebe o homem que a espera

No alto da castanheira covardemente!...

A lanterna foca nos olhos da fera,

O estampido ecoa na mata escura

Deixando uma lingüeta de fogo por traz!

A onça pintada cai mais uma vez

Na ardilosa cilada do mais perigoso animal:

O homem que mata por prazer venal,

Deixando programados para morrer

Mais três filhotes que esperavam

Famintos sua mãe só para comer!...

 

                                                                                                                                PVH-RO, 21/05/13

quarta-feira, 15 de maio de 2013


PALMEIRA AMIGA

                   Samuel Castiel Jr.

 


 

 

 

 

Que belo é ver-te assim palmeira

Tão magestosa, bela, altaneira

A  embalar  tuas  palmas  verdes

Sopradas pelo vento suave da noite!

Que belo é ver-te assim como bandeira

Guardiã  viva que enfrenta o açoite

Das intempéries da chuva e do sol !

Que belo é ver-te como  mãe viçosa

Que na seiva doce dos teus cachos

Alimentas  insetos  coleópteros

Que polinizando vem  buscar teu nectar

E te transportam assim para infinitos rumos!...

Abres tuas palmas como longos braços

E teu tronco é robusto e forte!...

És o requinte do paisagismo sutil

Na Amazônia, no Sul e no Norte!

Aves de plumagem colorida  pousam

Nas tuas ramas altas fitando um céu de anil

Como se fosses um posto de observação

Do universo, da vida e da morte!

Que belo é ver-te assim palmeira amiga!

Contemplo-te sempre da minha janela

Que elegância, que porte, és infinitamente  bela!

 

                                                                                                   PVH-RO, 15/05/13

terça-feira, 14 de maio de 2013


ASSÉDIO SEXUAL
                                                                           Samuel Castiel Jr.
 
       Ela trabalhava na Lanchonete Lisboeta, cujo proprietario era um português de bigode grande e cheio! Quando foi admitida, o português foi logo demonstrando sua queda pela cor negra! Ao sorrir, Glauce exibia dentes brancos e perfeitos que contrastavam com com sua pele negra! Seus cabelos eram bem curtos, pois não gostava de fazer prancha e nem podia pagar por isso! Porem, de todos os seus  dotes, o que mais chamava atenção do Joaquim eram as pernas e as coxas de Glauce! Grossas e parecendo torneadas! Chegava a se policiar para não ficar olhando sua bunda quando ela por ele passava no estreito corredor da lanchonete  e se esticava toda para guardar os kibes e bolinhos de bacalhau na prateleira da vitrine. Era demais! – dizia ele. Viúvo de sua esposa, estava prestes a dar uma cantada na Glauce e, quem sabe, levá-la pro motel. Mas tinha receio de ser mal interpretado! Sabia de estórias de patrões que foram denunciados por assédio sexual, muitas vezes injustamente! Precisaria ter muito cuidado, muita cautela, ser um “gentleman”! Os meses foram se passando e só aumentando ainda mais o tesão do Joaquim  pela neguinha Glauce!...Não sabia o que fazer! Até sonhava com a Glauce na sua cama, envolta em seus lençóis brancos, após uma noite de amor e loucuras! Deveria ser um vulcão na cama aquela neguinha! E por aí a intenção do Joaquim descambava. Até que, não agüentando mais, chamou a Glauce e disse-lhe:

-- Seus kibes e bolinhos de bacalhau são deliciosos e estão tendo boa aceitação pelos fregueses! Acho que vou pagar umas horas-extras pra você chegar mais cedo e fazer uma quantidade maior dessas delícias! Topas, ô gaja?

         A Glauce topou! Chegava as 05:30 h e quando a lanchonete abria as 8:00 h, já tinha dobrado a produção dos kibes e bolinhos de bacalhau. Joaquim fingia conferir dinheiro e fechar um caixa que nunca fechava e fazia algumas anotações. Mas, na realidade, ficava de olho na Glauce! Devia ter um vulcão entre as pernas! – pensava o portuga. Quando ela ia guardar os kibes e bolinhos, ele se aproximava dela por trás e a ajudava colocando as bandejas  nas prateleiras mais altas. Quando seu corpo tocava nela, sentia uns arrepios vibrantes que lhe percorriam a espinha e explodiam em seu sexo! E a cada dia o seu desejo ficava mais incontrolável! Foi então que seu mundo caiu quando conheceu o namorado da Glauce:  era um negão bem alto, musculoso e mal encarado. Talvez já desconfiando das intenções do portuga, o negão passou a ir levá-la e buscá-la da lanchonete.  Joaquim ficou deprimido, pensando que todo aquele seu sonho de consumo, já tinha dono! E era um cara muito feio para o  seu gosto! As vezes tinha pesadelos com aquele negão apontando uma arma para ele! Acordava assustado, molhado de suor!

            Um dia resolveu que aquilo não poderia mais continuar. Seria tudo ou nada! Chegou bem cedo na lanchonete, esperou a Glauce chegar, acompanhada de seu negão, esperou ele se despedir e ir embora. Quando a Glauce  passaou pelo corredor por trás do caixa, para guardar os kibes e bolinhos na prateleita da virtine, ele se virou e a agarrou pela cintura, puxando-a de encontro ao seu corpo. Glauce atônita, sentiu os braços fortes do portuga, mas também seu membro duro, roçando em suas coxas!

-- Que é isso Seu Joaquim! O senhor ficou louco! Me solte agora, está me machucando! Alguns kibes e bolinhos caíram no chão mas ela conseguiu colocar a bandeja sobre a mesa. O portuga continuava a puxá-la pela cintura.

-- Sim gaja, tô louco mesmo mas é por você! Desejo você! Não agüento mais!...

-- O senhor sabe muito bem que eu sou compromissada! Vivo com o Damião que me ama, é ciumento, anda armado e já tá desconfiado do senhor! Me solte ou eu vou gritar!

-- Você não vai se arrepender Glauce! Vou te dar tudo que você nunca vai ter se continuar com esse negão!...

-- Eu gosto dele! E tem mais: não sou nenhuma vagal como você pensa! Me solte logo ou eu grito! Alguem que passe na rua há de ouvir!

    Nisso, entrando pela porta dos fundos, surge o nêgo Damião, que já desconfiado do portuga, ficara escondido atrás da lanchonete, esperando o momento certo para entrar. Quando viu a cena de sua a amada agarrada pelo português que tentava beija-la, foi logo partindo pra cima com um 38 engatilhado. Colocou o cano do revolver em sua cabeça:

-- Você é um  homem morto, portuga!

-- Não faça isso! Eu posso explicar! Apenas puxei a Glauce pela cintura pra que ela não escorregasse na poça dágua aqui no chão!

    A pobre da Glauce, pálida  como uma cera, soltou-se do Joaquim e quase histérica gritou:

-- Ele tá louco, Dâmi! E essa poça dágua que ele falou não existe! Além disso, o que eu senti foi algo bem duro que ele insistia em esfregar nas minhas coxas!

-- Você é um homem morto português! Trate logo de explicar  esse negócio duro que você esfregou na minha Glauce. Caso contrario, você vira presunto agora!

-- Calma Seu Damiãozinho! Eu posso explicar tudo! Foi só um mal entendido! O que ela sentiu era apenas um kibe que eu tinha guardado no bolso pra comer mais tarde, sabe?! É que eu sinto muita fome tarde da noite!...

-- Então me mostra agora esse kibe portuga, caso contrario eu juro que vou estourar teus miolos!

-- Desculpe Seu Damiãozinho,  mas o kibe esfarelou!

    Nisso o portuga consegue empurrar o negão e se livrou também da arma em sua cabeça. Mesmo assim, ainda ouviu dois disparos que não acertaram o alvo! O portuga escapou correndo pra rua e pulando dois muros altos, driblando cachorros ferozes, como se fosse um tri-atleta!

    No dia seguinte um aviso na porta da lanchonete, em letras garrafais, anunciava: “ VENDE-SE POR MOTIVO DE VIAGEM “

     Até hoje ninguém sabe o rumo que o portuga tomou! Nem o motivo de sua viagem súbita. Apenas algumas beatas amigas da igreja que ele freqüentava, comentam que ele Joaquim foi mais uma vítima do ditado popular segundo o  qual  “nenhum português resiste a uma azeitona preta! “
                                                                                                                        PVH-RO, 13/05/13

quarta-feira, 8 de maio de 2013


A MALDIÇÃO DA PEDRA
                             Samuel Castiel Jr.

 Ele era descendente de índios peruanos. E não era nenhum pouco simpático! Pelo contrario, fazia questão de parecer uma figura enigmática, com cara de poucos amigos! Cabelos negros e lisos, barba e bigodes cheios, quase não sorria e quando o fazia mostrava dentes estragados. Mas gostava de artes. Pintava quadros a óleo e a fresco, bem como fazia esculturas diversas em materiais diversos. Tinha também a mania de colecionar pedras rústicas que encontrava nas ruas e pelas cidades por onde andava. Nessas pedras que, como dizia, a natureza esboça a sua arte primária, ele dava apenas alguns retoques e  as transformava em verdadeiras obras de arte! Possuia varias delas e as guardava enfileiradas na entrada de sua casa, uma estância, ao longo da calçada. No fundo dessa estância, formada por vários apartamentos, morava a Tia Ione, funcionária pública aposentada e respeitada por todos seus vizinhos.

       Num sábado a Tia Ione resolveu fazer um almoço pra rever velhos amigos, pois desde que fora operada de uma artrose do quadril, ficou de cadeira de rodas e raramente saía de sua casa.

        Durante o almoço chamou e nos apresentou seu amigo e vizinho peruano, Arturo Duendes, artista plástico e escultor. Assim como entrou saiu, dizendo apenas pra todos:” mucho prazer em conocer bocês” com aquele sotaque andino. Nenhum toque de mão, nenhum sorriso, mesmo forçado!

        Comemos e bebemos a vontade, sendo que bebemos mais do que comemos, pois o calor estava insuportável! A tarde foi passando e já era quase noite quando nos despedimos da Tia Ione pra irmos embora, pois dos convidados só nós ainda estávamos ali! Já saindo pelo corredor da estância, avistamos a coleção de pedras de Arturo Duendes, postada ao longo da calçada, com um espaçamento de mais ou menos 1,5m uma da outra. Foi aí que partiu a ideia de levar uma daquelas pedras! A nossa amiga que nos acompanhava não contou duas vezes: pegou uma das pedras e entrou com ela em nosso carro! Em casa fomos olhar melhor aquela pedra: tinha o formato de um rosto espectral, assimétrico, irregular e, mesmo com a ajuda de Arturo Duendes, podia-se dizer que era uma coisa horrorosa, deformada, e a boca torta exibia uma fenda com lábios caídos, como se fosse uma seqüela de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Confesso que ficamos impressionados com a feiura  macabra daquele rosto! Sem saber o que fazer com aquela pedra, representando um rosto monstruoso, depositamo-la em na mureta do nosso jardim. Foi o nosso segundo erro! Esquecemos a pedra e na segunda-feira nossa vida e nossa rotina continuaram normais, como sempre. Porém, já no domingo mesmo a Tia Ione telefonou pra nossa amiga, autora do furto, pedindo pelo amor de Deus que devolvesse a pedra do Arturo, pois ele estava possesso! Descobrira o roubo de uma de suas obras de arte e ameaçou que se a pedra não voltasse pra ele, sua maldição seria maligna!... Iria invocar a mandinga que aprendera com seus avós, e que vinha dos incas!

-- Devolva, minha filha! -- dizia a Tia Ione. Não sabemos quão poderosa pode ser essa mandinga, essa maldição! Coisa milenar, dos incas, você sabe...Tenho certeza que foi você! Apesar de você ser sempre muito brincalhona, é melhor devolver essa pedra!

-- Não Tia Ione! Dessa vez você se enganou! Não fui eu!

        Os dias foram se passando e as coisas começaram a acontecer em nossa casa: o motor do portão eletrônico queimou, a geladeira e as centrais de ar condicionado pararam de funcionar. Até então achavamos que eram meras coincidências!...Nem nos lembrávamos mais da tal pedra! Aí aconteceu um curto-circuito, quase fazendo nossa casa pegar fogo! Foi então que caiu a nossa ficha: a pedra deixada na mureta do nosso jardim! Não que a gente acredite em bruxarias, mas por via das dúvidas, pedimos imediatamente que a nossa amiga autora do feito levasse aquela pedra pra bem longe da nossa casa! Assim foi feito! Estando com o carro emprestado de uma colega sua, nossa amiga pegou a pedra, colocou-a em uma caixa de sapato e levou-a dentro do porta-mala do carro. Acontece que, tendo outros afazeres, esqueceu a pedra. Na sequencia dos fatos, sua amiga bateu o carro, quase dando perda total! Na semana seguinte um ladrão entrou na sua casa e levou tudo que havia por lá! Quando seu carro saiu da oficina, ela o mandou lavar num posto de gasolina, sendo que o lavador do posto ligou para ela perguntando o que deveria fazer com aquela pedra colocada na caixa de sapato e que ele encontrara no porta-mala de seu carro: era pra deixar lá ou podia jogar fora? Foi então que caiu também a ficha da amiga dona do carro, a qual já tinha ouvido comentários sobre os estragos que a pedra andava produzindo:

-- Filha da Puta da Thays! Ela deixou a pedra dentro do meu carro!!!

      No dia seguinte, estampado  em todos os telejornais e sites:” POSTO DE GASOLINA PEGA FOGO!”

      Foi até aí que eu segui o rastro de sinistros polarizados pela pedra de Arturo Duendes!

      Não que eu acredite nessas coisas... mas como dizem os argentinos:  ” Yo no creo en brujos, pero que hay, hay!...”

 Nota do Autor:  1. Tradução: Eu não acredito em bruxos, mas que eles existem, existem!...

                             2. Qualquer semelhança com fatos e personagens desta estória, terá sido mera coincidência.

                                                                                         PVH-RO, 03/05/13


LAPSO DE MEMÓRIA
     ( Estorias da República )

                          Samuel Castiel Jr.

 

    Ninguem tinha dinheiro. Afinal, vida de estudante é sempre assim! Mas, era sexta-feira e todos queriam ir pra balada. Como em todo o grupo, há sempre os mais e os menos espertos! Isso dentro da normalidade! Mas o caso do Beto era de oligofrenia mesmo! Pois bem, o pouco dinheiro que havia não passava de uns trocados que mal dava para comprar um ingresso no Club Campinense, e a turma era grande, de umas dez pessoas. Tinha que ser feita alguma malandragem. E isso não era nenhum problema para  aqueles moradores da república lá em Campina Grande, na bucólica Paraíba! Decidido e deliberado por todos, o plano era o seguinte:  seria comprado um único ingresso feminino e um dos rapazes tentaria entrar usando o ingresso feminino.  O porteiro iria criar confusão e, no tumulto, os outros passariam por trás, sem ser percebidos. Deu certo! A confusão se formou na portaria por causa do ingresso feminino usado pelo malandro, conforme estava combinado. Acontece que o oligoide do Beto não conseguiu entrar! Foi então necessário montar um outro plano complementar:  o Beto tentaria entrar misturado com o pessoal da diretoria do Club Campinense. Isso também não deu certo, pois quando os diretores foram consultados disseram que não conheciam aquele intruso! Outro plano foi imediatamente construído:  o Beto iria dizer ao porteiro que tinha saído e estava apenas voltando. Para esses casos, o Club adotava que a pessoa que saia do clube,  deixava sua carteira de identidade em uma caixa de papelão que ficava em cima da mesa, na portaria. Ao retornar, a pessoa pedia sua identidade. Uma das mentoras do plano, que já estava dentro do clube, aproximou-se da caixa das identidades e gravou na memória  um dos nomes das muitas  carteiras que ali estavam depositadas. Saiu, foi até o pobre e abestalhado Beto e disse-lhe:

__ Você agora vai entrar! Basta dizer ao porteiro que saiu para falar com um amigo e pede sua RG. Quando ele perguntar qual é o seu nome, você diz que se chama Ubaldo Paes, OK? Nós vamos estar por perto, esperando você entrar. Fica esperto, seu nome é Ubaldo Paes! Não esqueça!

__Ok!

     Quando o porteiro olhou pro Beto foi logo perguntando:

__Cadê o ingresso meu?

__Eu não estou entrando agora.Saí e tô voltando.

__Como é o seu nome?

     Foi aí que o Beto escorregou! Olhou pra um lado, olhou pro outro e, com aquela cara de abestalhado, perguntou bem alto para a amiga autora do plano que assistia tudo de longe:

__Zezé, como é mesmo o meu nome???

     O Beto sentiu a mão forte do leão-de-chácara pegar pelo colarinho de sua camisa e jogá-lo na rua!

__Se você voltar de novo eu juro que, em vez de mandá-lo pra pisiquiatria, você vai reaprender seu nome na delegacia!

    Nessa noite o malaventurado Beto voltou pra república e não quis mais saber da balada!

                                                                                                                            PVH-RO, 27/04/13