quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O JOGADOR

O JOGADOR

Samuel Castiel Jr.


" Malandro é malandro, Mané é mané! "
           ( Diogo Nogueira)







                                                                                                                                      Era viciado em jogo. Chegava a ser compulsivo. Futebol, basquete, vôlei, tênis de mesa, baralho, etc. Gostava de tudo, mas principalmente de apostar. Apostava na Mega-Sena, na Quina, na Loto-Fácil, etc. Comprava qualquer bingo que aparecesse. Muitas vezes chegava em casa com um frango assado que ganhara num bingo quando passava numa rua do centro. Quantas vezes chegava em casa altas horas da madrugada com um giz enfiado atras da orelha que se esquecia ao terminar a última rodada da sinuca. Criava galos de briga para lutas de rinha, sempre apostando em seus galos que recebiam revestimento de aço em seus esporões afiados.Ficava até altas horas da madrugada jogando pôquer com jogadores profissionais, em cassinos clandestinos. Já tinha perdido carro e até a residência, morando agora de aluguel. Sua mulher fazia promessa pra que ele parasse com essa fissura pelo jogo e pelas apostas. Mas não alcançava essa graça!
              Certa vez saiu na sexta-feira pro trabalho e não voltou. O sábado inteiro não deu notícias. No domingo, já passava do meio dia quando chegou. Vestia-se sempre todo de linho branco puro –como dizia,  com sapado de duas cores, chapéu panamá, com estilo malandrão. Mas estava sempre bem amarrotado. Nesse domingo, porém, além de amarrotado, estava todo sujo. Refletia bem o jogo perdido, sem revanche. Vinha acompanhado de um parceiro do jogo que tinha a cara de todos os malandros!
---Olha Barbosinha, acho que sua patroa não vai acreditar no que você perdeu! – disse o malandro, com um sorriso maroto  no canto da boca.
--- Ela sabe que dívida de jogo tem que ser paga!
      Foi entrando na casa e chamando pela mulher:
---Maria, vou te apresentar o Val, que é o meu parceiro no baralho. Ele veio comigo porque eu perdi você!
---Como assim? – pergunta a Maria com ar de incrédula.
       Era uma mulher de meia idade, porém nova e formosa, que tinha as coxas grossas e  um traseiro redondo, proeminente.         
---No baralho, é claro! Você tem que ir com ele e se deitar com ele. Leva e traz você no carro dele que tá lá fora. Você sabe muito bem que dívida de jogo tem que ser paga, não é?
---Filho da Puta é o que você é! Mas você me paga!
       Foi lá pra dentro e, quando voltou, tava com outro vestido mais colado, uma rasteirinha nova e tinha os lábios pintados de um vermelho forte.
---Vamos logo Seu Val, não gosto que esse traste fique devendo a ninguém!
        O malandro Val incrédulo saiu na frente e ela atrás.
         Meia hora depois, Barbosinha pede a sua esposa Clotilde pra servir o almoço e abrir uma garrafa do vinha chileno que comprara  recentemente. Pega o celular e liga:
---Alô, Val! Só pra lembrar, você me deve agora Cem Mil Reais.
        E desligou.


PVH-RO, 31/10/13

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