AS PRAÇAS COLORIDAS
Samuel Castiel Jr.
Sempre as praças me inspiram a
sensação de lazer, paz e relaxamento. Os mais atrativos brinquedos, fontes
luminosas etc são usados para chamar a atenção das crianças e também dos
adultos. No centro da antiga Porto Velho, lembro-me de todas elas, pois foi
nesses espaços que corri de peito aberto, joguei peteca, tomei sorvete e comi
pipoca; foi nessas praças que vadiei, escorreguei nos escorregadores, namorei e
vi a banda passar. Quantas vezes a noite ficava na praça Aluizio Ferreira
com meu violão, esperando a luz apagar para fazer seresta na casa das meninas
do Caiari. O blackout era programado: começava meia noite e terminava as 5:00h.
Assim que cortavam a energia, saía com outros amigos para cantar e tocar na
porta das minas. Quando era noite de lua cheia a seresta ficava ainda mais
romântica. Na praça Mal.Rondon, a paquera seguia rodando nas calçadas, antes
do Cine Resky iniciar sua 1a. sessão de cinema com um forte e imponente
sinal sonoro. Muitas vezes a Banda de Música da Guarda Territorial tocava no
coreto da praça.
Essas
praças coloridas com matizes de lembranças foram ponto de encontro de muitos
casais, que tiveram seus primeiros beijos testemunhados por elas. São o
testemunho remanescente de uma época lúdica, dourada, onde não havia lugar para
a violência. Acho que todo mundo queria mesmo era ver a banda passar para tocar
nos coretos, ou ir assistir aos filmes de Tarzan, as chanchadas brasileiras com
Oscarito e Grande Otelo, Costinha e Zé Trindade. Os filmes de faroeste também
faziam grande sucesso, com os mocinhos como John Wyne, Kirk Douglas, Dean
Martin, Your Briner, etc. A troca de gibis era também uma atração a mais para
nós adolescentes. Com o cabelo penteado, armado com glostora, lá estávamos nós
aos domingos trocando aquelas revistas com os colegas.
--Você já leu essa? É a ultima do
Jesse James!
--Não. Mostra aí!
--Troco por 2 do Mandraque.
E assim prosseguia o
troca-troca das revistinhas.
São
reminiscências de uma época dourada, onde as praças quase sempre contribuíam
para o bem-estar das pessoas que nela iam buscar o relaxamento e o prazer. Hoje
muitas delas estão abandonadas, servindo apenas para viciados e assaltantes
espreitarem suas vítimas. Longe vão aqueles anos dourados das praças
coloridas...
PVH-RO,30/03/15
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