sábado, 1 de dezembro de 2018




O ESTRANGULAMENTO DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO

Samuel Castiel



         



         
          


            Quando o poeta brasileiro Olavo Bilac ( 1865-1918 ) escreveu seu
soneto “Lingua Portuguesa”, no primeiro verso , ele diz  “ Ultima flor do Lácio
inculta e bela” referindo-se ao idioma português como a última língua  
derivada do Latim             Vulgar falado no Lácio, uma região italiana. Dessa língua
mãe, previamente, vários outros idiomas como o francês, o italiano, o Espanhol  se originaram e se firmaram, coexistindo até os dias de hoje. Não sabia entretanto o poeta, que uma epidemia avassaladora poderia acometer essa flor do Lácio, estrangulando e sufocando toda sua beleza e pureza.
           Revelada e decantada na pureza de Bilac, Camões, Castro Alves
 Machado de Assis, Eça de Queiroz e tantos outros expoentes da nossa
literatura, viu-se o nosso idioma  no auge de sua plenitude e forma. Mas,
 seus guardiões não foram suficientes para salvá-la de uma epidemia fatal e
sorrateira, que semelhante a um câncer silencioso, vai corroendo sua vítima
de dentro pra fora. Trata-se do Neologismo estudado na literatura e na
história dos idiomas. Pois bem, essa praga, vem sorrateiramente chegando,
invadindo o idioma pátrio até instalar-se de forma definitiva, enfraquecendo
e descaracterizando a língua. Antigamente, vinha da invasão dos povos
bárbaros que, vencendo batalhas dominavam seus inimigos e lhes impunha
 seus idiomas, suas religiões, suas moedas e seus costumes. Atualmente, esse neologismo  vem nas asas do capitalismo e da tecnologia. Assim é que vemos hoje uma invasão epidêmica e sistêmica de vocábulos, principalmente copiados do inglês.
Desde nomes próprios, passando por comidas, roupas, perfumes, nomes de
estabelecimentos comerciais, de  boutiques, sem contar o maior destaque
nas maquinas eletrônicas, computadores e insumos de tecnologias da
informática e da robótica, bem como em todas as áreas profissionais, sejam
elas liberais ou não. Assim é que temos os nomes próprios desde Jhon Lenon
da Silva, Elton Jhon Pereira, etc. Nas comidas temos os “fast foods” vendidos
nos Mc Donalds  repletos de “Burgers e Chesses”. Nas roupas temos os
“Shorts” suéter tommy, os “bores”, as “Fashions”etc. Nos perfumes, os
nomes mais extravagantes, como “Exuberrant Paris” “Cacto Green”.
“Animale” etc. As máquinas eletrônicas contribuem com os “ Computer “
Toner”  “Back Up”,”” disc “, “pen-drives””Tean Viewer’ etc.
            O que está acontecendo então? Não fomos a nenhuma guerra, não
fomos dominados por nenhum  outro povo. Será? Porque então esse “macaquismo”sem precedentes?  As pessoas deliberadamente ou levadas pelo modismo vazio e fútil,
de uma hora pra outra começaram achar que “macaquear” vocábulos do
inglês ou de outro idioma está na moda, dá um charme especial. Até no “Facebook” tem gente que só se comunica em inglês, francês ou italiano, mesmo que seja  com seus amiguinhos do interior do sertão!...Pura ignorância, deslavada idiotice!
           Não sei, mas a verdade é que a última flor do Lácio sente-se estrangulada e sufocada  dentro de sua própria casa, dentro de sua própria  pátria-mãe. Invadida e enfraquecida. Impotente.
               Que soneto o poeta Bilac escreveria hoje?

01/12/2018.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

MEMÓRIAS ATEMORIZANTES



MEMÓRIAS ATEMORIZANTES

Samuel Castiel









        

              Com a boca aberta no seu limite, escancarada, os dedos da dentista entre meus dentes impedindo o fechamento involuntário da boca e a mordida indesejável, estava eu ali, postado quase deitado, com um foco de luz no meu rosto. Com aqueles óculos escuros,mais parecia um ET que estivesse sendo submetido a uma necropsia. Primeiro a agulha torta e a injeção de anestésico na gengiva. A broca começou a corroer meu dente em alta rotação e pude sentir um odor de osso queimado. A broca liberando um jato de vapor d’água que a auxiliar ia sugando com um aspirador. Senti um choque que me fez pular na cadeira.  É a raiz exposta --- explicou a dentista. Mais anestésico! Um quadro perfeito para um frouxo desmaiar! Não eu!... Pelo contrário, minha mente começou a reviver tempos idos, onde não tínhamos nenhuma nova tecnologia, nenhum profissional qualificado. Lembrei-me então de meus pais levando-me ao único dentista existente na cidade: Dr. Pedrinho Tatu era o nome do profissional, que na realidade era um protético, fiquei sabendo depois. Para completar, ele era alcólatra e sofria do mal de Parkinson. Suas mãos tremiam tanto que, ao tentar anestesiar um dente, anestesiava o outro. A dor de um dente arrancado sem a devida anestesia era uma tortura, uma tourada! Dizem os exagerados que muitas vezes arrancava o dente errado!... Mas, felizmente, isso nunca aconteceu comigo!
                Havia um outro dentista que também  massacrava seus pacientes. Passava cerca de 2 horas no mínimo  com cada um, trancado em seu gabinete, apesar da sala de espera estar lotada. Certo dia, já intrigado com aquela situação, muita gente esperando para entrar e o último paciente já tendo saído fazia tempo. Escalei então  a janela que dava para a rua, e olhei para dentro da sala do dentista. O que
vi deixou-me chocado e enraivecido: ele estava sentado na sua poltrona com um jornal na
mão, porém dormindo profundamente, o óculos caído em seu peito e pendurado no pescoço por um barbante. Era patético, tragicômico para um  adolescente querendo voltar logo  pra casa para aproveitar o resto do dia com seus folguedos!
                      Lembrei-me também de outras memórias atemorizantes, quando nossa mãe,
tentando nos trazer sua prole para dentro de casa, avisava aos gritos que saíssemos rápido da rua,
pois estaria passando ali, naquele exato momento, o “papa-figo” que era um morador de
rua, sequestrador de crianças para comer o fígado, na tentativa de curar-se de uma terrível
doença. Era uma corrida geral, não ficava ninguém na rua!
                  Outro morador de rua assustador era o “Macaco”, um pedinte que andava com roupas sujas e  esfarrapadas e um saco de sarrapilha nas costas. Quando o avistávamos, todos corriam. Os mais  afoitos o chamavam de “Macaco” o que o deixava enfurecido. Certo dia, os moleques da rua de casa o perseguiram chamando-o pelo apelido até que ele infartou e caiu morto! Uma tragédia!

                      Os tempos foram se passando e, até hoje,  os temores ainda povoam nossas
memórias.  Quando chega o novembro azul, imagino o consultório médico lotado de prostáticos e o
médico chamando:
----Quem é o próximo?
     Ninguém se habilita. Um olhando para o outro e para as mãos do médico:
--- Pode entrar amigo. Cedo-lhe a minha vez! Não estou com pressa mesmo!...
                     Acho que muitos medrosos dessa época deveriam deitar-se no divã de um psicanalista
para encontrar e curar o fantasma de seus medos. Talvez a explicação esteja nessas reminiscências atemorizantes da adolescência.
                    Nisso fui despertado de minhas memórias de um passado distante:
---Acorde doutor! Acho que o anestésico botou o senhor pra dormir! --- disse a dentista. Já
acabei de fazer os seus canais. Vai precisar voltar mais vezes ainda, pois teremos que tratar outros dentes.
                    Levantei-me um tanto embaraçado e disse-lhe sem querer: ainda bem que a senhora
não sofre do mal de Parkinson e nem gosta de ler jornal no consultório, doutora!... Ela olhou-me com um olhar de interrogação.
                    Acho que não entendeu nada!
























PVH-RO., 21-11-18.







quarta-feira, 14 de novembro de 2018

HISTÓRIA DAS ENTIDADES MÉDICAS EM RONDÔNIA


HISTÓRIAS DAS ENTIDADES MÉDICAS EM RONDÔNIA
Por:  Samuel Castiel Jr.



 








  A primeira entidade médica associativa em Rondônia data de 1949, fundada com o nome de Associação Médico-Cirurgica do Guaporé, cujos fundadores foram médicos pioneiros como o Dr. Rubens Brito, Dr. Osvaldo Piana, Dr. Maurício Bustani, Dr. Renato Medeiros, Dr. Araújo Lima, Dr. Ary Pinheiro e outros, conforme Ata de Fundação transcrita a seguir:

ATA DE FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO     MÉDICO-CIRÚRGICA     DO GUAPORÉ

“Aos doze dias do mês de fevereiro de 1.949, às 20 horas, no salão do Clube Internacional de Porto Velho, reunidos os médicos, dentistas, veterinários e farmacêuticos que esta assinaram como sócios fundadores e com as presenças dos Exmos. Drs. Joaquim de Arújo Lima e Moacyr de Miranda, governador  e secretário geral do Território Federal do Guaporé, respectivamente e mais senhoras e senhorinhas, fundou-se solenemente a Associação Médico-Cirúrgica  do Guaporé, procedendo-se a eleição de uma diretoria provisória que ficou assim constituída:
        Presidente:...................Dr. Ernesto Laudelino de Almeida
        Vice-Presidente:...........Dr. Rubens Brito
        1º Secretário:...............Dr. Oswaldo Piana
        2º Secretário:...............Dr. Waldemar Wanderley Braga
        1º Tesoureiro:..............Dr. Antonio de Jesus Cantanhede
        2º Tesoureiro:............. Dr. Jocelino Leocádio da Rosa
        Orador.........................Dr. Ary Pinheiro
         Conselho Fiscal – Drs. João Fernandes  de Souza, Maurício Bustani, Inácio Moura Filho, Renato Medeiros.
         Usaram da palavra os senhores: Drs. Ernesto de Almeida, que salientou o papel desempenhado pelos médicos, dentistas, veterinários e farmacêuticos em Saúde Pública e da razão da fundação da associação, pedindo rito aos colegas que tomassem interesse para que a sociedade pudesse continuar sua existência para maior grandeza da Mesma. Dr. Ary Pinheiro usando da palavra, disse não esperar que fosse eleito Orador, mas que agradecia a todos os colegas a bondade de tê-lo elegido para tão honroso cargo. Em seguida o Dr. Araújo Lima, num feliz improviso teve palavras elogiosas aos profissionais que congregados fundaram a Sociedade Médico-Cirurgica do Guaporé e lembrando que o inicio de sua carreira como engenheiro, foi servindo na Bahia com o Dr. Saturnino Brito, na engenharia sanitária; desejando um êxito feliz da sociedade e que todos congregrados deveriam trabalhar para o engrandecimento do Território. Suas últimas palavras foram abafadas por uma salva de palmas. A sessão foi encerrada.”
         Assinados: Joaquim de Araújo Lima, Moacyr de  Miranda, Albertino Lopes, Renato Medeiros, João Fernandes de Souza, Ednice Maria Ferreira, Maurício Bustani, Adalberto Bastos Meneses, Inácio Moura Filho, Jocelino Leocadio da Rosa, Lourenço da Veiga Lima, Reinaldo Amâncio Braga, Antônio de Jesus Cantanhede, Luis B. Cantanhede, Valdemar Vanderley Braga Florinda Leal Farias, Francisco F. de Oliveira, José Otino de Freitas, Ernesto Laudelino de Almeida, Raimundo B. Cantanhede,  Estanislau Zack, Ary Pinheiro e Oswaldo Piana.

Do livro Achegas para História de Porto Velho, de Antônio Cantanhede.
Nota do Autor:
Dos ilustres signatários desta Ata, um deles é o pai do 5º Governador do Estado de Rondônia Dr. Oswaldo Piana Filho e outro deu nome ao Hospital de Base, Dr. Ary Pinheiro.

A atual Associação Médica de Rondônia (AMR) foi fundada em 1976, cujo seu primeiro Presidente foi o ilustre Dr. Joviniano Alves de Macedo, Já no então Território Federal de Rondônia e, congregando, desta vez, apenas médicos.
A atual Associação Médica de Rondônia ( AMR ) foi fundada em 1976, tendo como seu primeiro Presidente o saudoso Dr. Joviniano Alves de Macedo, seguindo de outros médicos que foram se sucedendo na Presidência e diretorias, conforme galeria de fotos dos Presidentes, com seus respectivos mandatos, a seguir:




ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE RONDÔNIA
GALERIA DE PRESIDENTES




            




     





















A Associação Médica de Rondônia (AMR) teve sempre um papel relevante no seio da classe médica e da comunidade em geral, promovendo o congraçamento dos médicos entre si, promovendo também a educação médica continuada através de cursos, congressos e jornadas médicas, cursos de pos-graduação, fomentando a fundação das associações de especialidades médicas, bem como lutando por melhores condições salariais e de trabalho, pois ainda não havia sido criado o Sindicato Médico.  Grandiosas lutas e conquistas da AMR foram marcas indeléveis na história do movimento médico em Rondônia. Para citar apenas um desses movimentos reivindicatórios que, infelizmente, chegou a gerar um movimento paradista, ocorreu  no ano de 1983. Presidia a entidade o médico Dr. Samuel Castiel Jr. O Estado de Rondônia acabara de ser criado em 22.12.81 e Governava o Estado o saudoso Governador Jorge Teixeira, o Teixeirão. A AMR teve que ir as ultimas conseqüências, ou seja, fazendo uma greve no serviço médico que estendeu-se de Vilhena a Porto Velho, com um desfecho positivo na maioria dos diversos ítens reivindicados para os profissionais médicos do Estado.  Abaixo alguns cartazes da época de lutas do movimento médico encampadas pela AMR, bem como folders de cursos promovidos pela entidade:






















































Enfim, a Associação Médica de Rondônia – AMR, nos seus quarenta e dois  (42) anos de existência, sempre foi uma referência, atuando de forma a polarizar e fomentar os interesses médico-científico  no Estado.   









A HISTÓRIA  DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE RONDÔNIA - AMR e DO

SINDICATO MÉDICO DE RONDÔNIA - SIMERO.



.Essa primeira  Associação de Médico-Cirurgica criada em 1949, acabou

desfazendo-se com o tempo e já em 1976 nascia a atual Associação Médicaque teve 

como seu primeiro presidente o saudoso médico Jovinino Alves de Macedo. Juntamente 

com o CRM constituiam as únicas entidades médicas

do antigo Terr. Fed. de Rondonia. O primeiro Presidente do CRM foi o saudoso

Dr. Hamilton Raulino Gondim.


        A categoria médica vivia harmoniosamente naquelas épocas. Nos finais

de semana, quando não estavam no Hospital São José ou na Maternidade

Darcy Vargas,  reuniam-se para algumas horas de lazer. Faziam essas

reuniões nas casas dos próprios médicos que se alternavam como anfitriões.

Quando eu assumi a Presidência da Associação Médica de Rondõnia,

para o biênio 1983 /1985, havia uma insatisfação palpável na categoria médica:

baixos salários, carga horária excessiva, hospitais, Pronto-Socorro e Postos de

Saúde em péssimas condições. Não havia Plano de Cargos e Salários.

Governava o ex-Território o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira. Fizemos então  um

apêlo ao Governo que desse um encaminhamento as propostas da categoria

médica, o que sequer foi considerado. Esgotadas todas condições de diálogo,

a greve parecia inevitável. Chamamos o CREMERO e as Sociedades de

Especialidades que já começavam a se formar. Viajamos para o interior do

Estado e conseguimos juntar todas as Associações Médicas incluindo

Ariquemes, Ji-Paraná e Vilhena. Todos estavam insatisfeitos. Todos queriam a

Greve, um movimento paredista que pudesse mostrar a força da categoria e

pressionar o Governo Estadual a atender nossas reivindicações. E assim foi

feito. Iniciamos a greve dos médicos. E, como toda greve, sabemos como

começa mas não como termina!... As adesões foram crescendo durante o

movimento. Juntaram-se a nós outras categorias como a Enfermagem,

Técnicos de Enfermagem, Bio-médicos, etc. A greve estava ampliada, não era

mais só dos médicos, mas de toda a saúde. Como não tínhamos ainda um

Sindicato Médico, a Associação Médica tinha que liderar esse movimento. E

não foi fácil! A Secretaria de Saúde era comandada pelo médico pediatra José


 Adelino da Silva e o Diretor do Hospital de Base era o ortopedista Viriato

Moura. Conseguimos que esses colegas ficassem ao lado do nosso

movimento, numa demonstração de compreensão ética das reivindicações de

sua categoria.

Vinham colegas de todos os municípios para nossas assembleias. Os ônibus

chegavam lotados. Essas assembleias geralmente eram realizadas no Cine

Lacerda,pois requeriam grandes espaços. A situação começava a fugir ao

controle das autoridades da saúde. Sentiam-se encurralados pelos médicos,

enfermeiros e técnicos de saúde. Os hospitais parados em todos os

municípios, ou melhor só atendendo as emergências. Havia uma comissão de

triagem postada na recepção do Hospital de Base Ary Pinheiro. Ali era o front

da nossa greve. Era o corpo a corpo da greve com a população. Ali vi uma das

cenas mais chocantes do movimento:  um pai chegou com o filho nos braços e

a comissão de triagem julgou seu caso como sem configurar  emergência e não lhe 

permitiram acesso ao atendimento. O pai então, transtornado, gritando impropérios, atirou-

se várias vezes contra a parede do hospital, até cair sangrando e ser recolhido

por médicos e seguranças. Aí perguntava a todos se agora o seu estado configurava uma 

emergência. Uma cena trágica que ilustra bem quanto é difícil

conduzir uma greve nos setores ditos essenciais, principalmente na saúde.
       
         No auge da greve o então Governador Jorge Teixeira avisou a noite  ao

Secretário de Saúde José Adelino que iria mandar prender-me no dia seguinte,

o que só não aconteceu pela interferência do Diretor do Hospital de Base,     Dr.Viriato 

Moura, que acabou aderindo a greve dos médicos.
       
         Quando nosso Comando de Greve sentiu que estávamos  chegando  ao

esgotamento do movimento, pois nossas  reivindicações  diluíam-se nas

esferas municipal, estadual e federal, não podendo ser resolvidas pelo


município ou estado, partimos para Brasília. Tínhamos como nossos aliados o

Senador Claudionor Roriz e o Deputado Federal Chiquilito Erse. Marcamos

audiência e fomos recebidos pelos Ministros da Saúde e do Trabalho.  Muitas

promessas nos foram feitas, porém o resultado foi pífio.
         

           Enquanto isso, a greve começou a desmoronar, com nomeação para

cargos comissionados de alguns colegas líderes do movimento. Renunciei a

Presidência da Associação Médica e, desencantado, abandonei o movimento

grevista. Assumiu a Presidência em meu lugar o colega Victor Sadeck Filho. A Greve

aos poucos desfez-se.

           Começavamos uma outra luta classista, que era a criação do Sindicato

Médico. Empunhei essa bandeira e junto a alguns outros colegas, fundamos a

Associação Profissional dos Médicos de Rondônia, o embrião do Sindicato

Médico.
          

            A política partidária estava no auge e tínhamos alguns médicos

disputando vagas para a Assembleia Legislatíva, dentre os quais o médico

Oswaldo Piana. Atendendo um chamado do colega Piana, fui a uma reunião

que tratava do pedido de apoio do candidato Piana a classe médica. Expliquei

que a entidade não poderia dar apoio explícito a nenhum candidato médico,

uma vez que tínhamos vários colegas na disputa. Aconteceu então o que eu já

previra: um “racha” na classe médica. E, assim, numa composição de chapas,

o médico José Adelino da Silva assume a Presidência da Associação

Profissional dos Médicos de Rondônia, tendo como vice-Presidente o médico

Ronaldo Lanes Lima. Na sequência, o Presidente José Adelino renuncia para


assumir a Secretaria Estadual de Saúde. O seu Vice-Presidente também não

conseguiu evoluir com  nenhum projeto. Assumi então a Associação Profissional  e, após 

um trabalho árduo, contando com a ajuda indispensável do saudoso amigo Rubens 

Cândido,Superintendente da Delegacia Regional do Trabalho, conseguimos eleger a

primeira Diretoria do Sindicato Médico de Rondônia ( SIMERO ) agora autorizado a 

funcionar  pela  CARTA PATENTE, assinada pelo então Ministro do Trabalho Almir 

Pazzianoto, após 2 anos de funcionamento regular e initerrupto da  Associação 

Profissional.O primeiro Presidente do Sindicato foi o médico Dr.  Orlando Teodoro Ramalho. 

Hoje,o  SIMEROencontra-se bastante estruturado, com sede própria ( onde funcionou o

CREMERO  e a Associação Médica de Rondônia ( AMR ) no tradicional bairro Caiari,  e 

vem atuando com bastante desenvoltura nas questões trabalhistas da categoria médica. 

Seu atual Presidente para o triiênio  2016-2019   é o médico Dr. Carlos Roberto

Maiorquim.

          Acho que cumprimos nossa missão classista!  O Sindicato Médico de Rondônia           
( SIMERO ) hoje é uma  realidade! Parabéns a toda a sua Diretoria e a todos os colegas 

que nos ajudaram nessa conquista!

          A seguir a galeria de fotos dos Ex-Presidentes do Sindicato Médico de Rondônia - 

SIMERO: